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Encare o vazio

Encare o vazio

Estamos num mundo do automático e da superficialidade. As ações já não são controladas, estão automáticas e os relacionamentos superficiais.

O automático está tão naturalizado que quando mudamos o trajeto do trabalho acabamos depois por fazer o mesmo, pois estamos no automático. Vamos ao mercado e passamos pelos mesmos corredores porque estamos no automático e já sabemos automaticamente onde encontramos os produtos. Sem falar na correria da rotina que fortalece nosso modo automático, pois não temos tempo para maiores detalhes.

Os relacionamentos superficiais onde já são encarados como provável erro, pois se não der certo, já separamos. Nem pensamos no envolvimento e amorosidade com a pessoa, passando quase a ser descartáveis, pois, se não der certo achamos outra. A falta de atenção no outro está também muito forte. São pais que quando em casa ficam no celular sem dar atenção ao filho, são casais que ficam nas redes sociais e não se ocupam com o outro. Tudo sempre tirando a atenção e o foco.

Esse estado de automatismo faz com que não paremos um minuto e quando isso acontece já é dado jeito de fazer alguma coisa e tirar a atenção.

Quando estamos parados, sem afazeres, em silêncio, é o momento que exige que olhemos para nós mesmos, que o holofote esteja virado para nós. Mas como isso é difícil. Pouquíssimos de nós consegue parar e se olhar, e se deparar com todas nossas mazelas, dores e vazio existencial.

Somos seres sozinhos, em busca de evolução e crescimento, mas muitos fazem até isso no automático.

No momento que nos deparamos com nós mesmos podemos encontrar coisas nada agradáveis, mas cabe aí o processo de melhora. Ao mesmo tempo que os relacionamentos são superficiais há uma busca desenfreada pelo outro, pela metade da laranja, coisa que não existe. Não somos metades, somos seres inteiros que buscam outro ser inteiro, nada para completar, somos completos.

Mas o vazio que há dentro de nós faz com que o preenchimento seja através do outro, que a completude venha de fora, por isso a busca constante, porque não está do lado de fora. Mesmo acompanhados o vazio está lá, disfarçado, sendo tapados para podermos fugir e não encará-lo.

A solidão não precisa ser triste tão pouco depressiva. Aí entra a diferença entre solitude e solidão. A solitude é quando gostamos da nossa companhia e nos contentamos com ela de maneira natural. A solidão é sentir-se sozinho e infeliz por estar desacompanhado e geralmente vem acompanhada de outros sintomas.

Quando estamos sozinhos e com a mente livre, é natural que comecemos a pensar na vida e em nós mesmos, e isso pode ser muito difícil para alguns. Essa dificuldade se acentua quando o vazio existencial é grande, quando não vemos objetivos na vida, quando não pensamos no legado que podemos deixar, quando o fato da nossa vida não estar como gostaríamos se torna insuportável. Com isso é melhor mesmo evitar, é não deixar a mente parada e ter alguma coisa sempre nos roubando a atenção.

A superficialidade faz com que não aprofundemos nos relacionamentos, nas situações, e assim evitamos o sofrimento. Quando não há envolvimento não há sofrimento, é uma maneira de proteção.

Existe recursos que podem nos ajudar a trabalhar as situações internas, o vazio existencial, as mazelas internas. Desde um tratamento psicoterapêutico até medicamentoso, contudo, esse irá somente tapar o buraco, pois o problema continua lá no fundo, sem ser visto e trabalhado.

A terapia é de extrema resolutividade, pois com a escuta qualificada, com alguém que estudou e sabe interpretar as suas questões, a ressignificação passa a ser mais natural e mais fácil de acontecer.

Uma conversa entre amigos é louvável, contudo, não tem a mesma finalidade e nem interpretação por parte do ouvinte. O terapeuta foi preparado para isso, é um profissional capacitado para nos ajudar a enfrentar nossas dores e conseguir reverter o processo de fuga dos problemas.

Temos conteúdo interno que nos ajuda a resolver problemas e situações, desde que acessado de forma correta e bem trabalhado.

 

www.pedrocalabrez.com.br

 

Prof. Pedro Calabrez. Sócio-Diretor da NeuroVox. … Professor convidado da FIA-USP e Instituto Europeo di Design, foi criador dos primeiros cursos de neurociências aplicadas aos negócios do Brasil.

 

UM OLHAR SOBRE O VAZIO EXISTENCIAL E O SENTIDO DA VIDA NA PERSPECTIVA DO PSIQUIATRA VIKTOR E. FRANKL Lindamar Berta Vaz & Cátia de Castro Dias

Psicologia e Saúde em Debate ISSN-e 2446-922X II Fórum de Iniciação Científica – FPM Dezembro, 2019; Vol. 5(Supl1):43-43.

VAZIO EXISTENCIAL E ANGÚSTIA: sofrimento contemporâneo

Psicologia e Saúde em Debate. 2018;4(Suppl1):6-6

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