A violência psicológica muitas vezes passa despercebida, pois é confundida com ciúmes ou com comportamento “estourado”. Contudo ela precede a violência física onde todos os limites já foram ultrapassados.
A agressão ataca a autoestima, onde o rebaixamento e a desvalorização fazem parte da maneira onde o agressor atinge a vítima.
A vítima se sente culpada e incapaz de reclamar ou denunciar o agressor. É ameaçada se fizer isso, acreditando que não será ouvida tão pouco ter ajuda de alguém.
A falta de energia emocional está sempre presente, fazendo com que ela não consiga reagir frente as agressões, tão pouco atitudes de enfrentamento. As ameaças são constantes e a autoestima é minada de desvalorização, menosprezo e desdém.
A violência pode ir se agravando aos poucos, cada dia as agressões pioram. A vítima vai sendo envolvida cada vez mais.
Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública com o Datafolha, a violência por meio de ofensas, xingamentos ou humilhação foi a mais comum no Brasil em 2018, atingindo 22% das mulheres.
A Lei Maria da Penha classifica violência psicológica como qualquer conduta que cause danos emocional e à autoestima da mulher, que prejudiquem o seu pleno desenvolvimento, que vise degradar ou controlar suas ações comportamentos, crenças e decisões.
O Instituto Maria da Penha lista algumas dessas condutas:
– Ameaças
– Constrangimento
– Humilhação
– Manipulação
– Isolamento (proibir de estudar e viajar ou de falar com amigos e parentes)
– Vigilância constante
– Perseguição contumaz
– Insultos
– Chantagem
– Exploração
– Limitação do direito de ir e vir
– Ridicularização
– Distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvida sobre a sua memória e sanidade
A agressão é tamanha que a vítima fica enredada não conseguindo perceber que o que está acontecendo não é normal. O agressor, muito persuasivo, transfere a culpa e responsabilidade à vítima pelo que está acontecendo.
As vezes confundido com excesso de cuidado, o que na verdade é o domínio sobre a vítima. Estar sempre junto, levar e buscar do trabalho, não deixar ela sair sozinha, fazem parte de um comportamento dominador e controlador.
A desconfiança de tudo, acusando de traição a qualquer atitude social da vítima.
A aparência sempre é criticada, desvalorizando o corpo e a inteligência. Controla a roupa a usar não permitindo usar aquilo que não foi aprovado.
Infelizmente com o confinamento e isolamento social, os casos de agressão
aumentaram muito, pois o convívio diário sem folga agrava o comportamento que já era abusivo.
Silva, Luciane Lemos da, Coelho, Elza Berger Salema, & Caponi, Sandra Noemi Cucurullo de. (2007). Violência silenciosa: violência psicológica como condição da violência física doméstica. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, 11(21), 93-103